Desenvolver a produção nacional,<br>reforçar a luta, dar mais força ao PCP
Por mais que insistam, encubram e mistifiquem, está cada vez mais evidente a natureza de classe desta política que ano após ano, governo após governo, vem sacrificando os trabalhadores e o povo, destruindo o tecido produtivo, aumentando a dependência face ao exterior.
A reclamação de uma nova política tem que ganhar as consciências
Alguns dos últimos dados vindos a público são disso mesmo expressão: crescimento do número de milionários em mais 600 e aumento médio dos lucros da banca, nos primeiros seis meses deste ano, em 11 por cento face a 2009, cerca de 6 milhões de euros por dia. Ao mesmo tempo que estes números vinham a público, entravam em vigor os cortes nas prestações sociais. Estamos a falar de cortes no subsídio social de desemprego, no abono de família para crianças com deficiência, na pensão social de velhice e de invalidez, no complemento solidário do idoso, na acção social escolar, no subsídio para a educação especial, no abono pré-natal, entre outros cortes. Nada escapa.
No contexto das acções de mistificação, assumiu especial intensidade a «operação stress da banca». A conclusão, como se sabe, é que não há stress que penetre. A questão é que a investigação deveria ter sido sobre se eles causavam stress e não sobre se o tinham. Se assim tivesse sido não haveria dúvidas no resultado. Que o digam os que trabalham no Algarve, a região com a maior taxa de desemprego do País, para a qual muito contribuem os jovens em idade activa com uma taxa de 28,8 por cento e as mulheres, com 14,5 por cento. Que o digam os quase 50 por cento de empregados no Algarve com um salário inferior à média nacional. Que o digam os trabalhadores da pesca emparedados entre as condições do tempo, a política de quotas de pescado e práticas de pesca que arrasam os fundos marinhos, mas também sujeitos a um sistema de primeira venda em lota que penaliza o pescador, não protege o consumidor e favorece as cadeias distribuidoras ligadas aos grandes grupos económicos. Que o digam o trabalhadores da empresa Brechal, em Portimão, a braços com um processo de encerramento e que tiveram de travar o ímpeto patronal de retirar as máquinas da empresa. Que o digam os trabalhadores do Hotel Montechoro, que viram regularizados os três meses de salários em atraso em resultado de uma greve de três dias, em Julho, confirmando que a luta é o caminho.
A manutenção da taxa de desemprego nos 10,6 por cento (que no Algarve atinge quase os 13 por cento) num momento em que os efeitos da sazonalidade já se fazem sentir, é indicativo de que passado o Verão o desemprego crescerá. O desemprego crescerá, mas o número dos que terão direito ao subsídio de desemprego descerá por via das novas regras impostas pelo PS e PSD. Ou seja, aumentará o número dos que ficam completamente desprotegidos. Pode Sócrates manifestar o seu usual contentamento e podem os patrões do turismo continuar a dizer que tudo vai de vento em popa no Algarve, porque a realidade não se altera por causa disso.
Defender os valores de Abril
É cada vez mais uma evidência que não há saída para a crise sem desenvolvimento da produção nacional, sem dignificar o trabalho e os trabalhadores. E não há saída para esta desgraçada política que tem vindo a ser praticada sem intensificar a luta, o esclarecimento e dar mais força ao PCP.
A justa reclamação de uma política patriótica e de esquerda tem de ganhar as consciências. Uma reclamação que só o nosso Partido pode fazer, porque alicerçado na sua natureza de classe, princípios e ideologia. Um Partido cujo compromisso é com os trabalhadores e o povo. Um Partido cuja candidatura à Presidência da República se insere e articula na luta em defesa dos valores de Abril e contra os projectos de subversão em curso. Uma candidatura e um projecto distintos capazes de atrair muitos democratas realmente preocupados com o rumo da vida nacional e com os perigos que pairam sobre elementos estruturantes do regime democrático e que estão consagrados na Constituição da República.
A evolução da situação nacional confirma a justeza das análises, preocupações e propostas do Partido. E confirma desde logo que não só a crise do capitalismo está longe de estar superada, como as expressões e desenvolvimentos dessa crise constituem uma ameaça crescente para os trabalhadores e os povos. O alargamento da consciência e da luta anti-imperialista ganha por isso particular relevância. A realização em Portugal, em Novembro, da cimeira da NATO, para aprovação de um novo Conceito Estratégico e para amarrar os países membros ao aumento dos gastos militares, tem de ter, e por certo terá, a necessária resposta dos comunistas e de muitos outros democratas amantes da paz, do progresso e do desenvolvimento. Luta que é parte constitutiva de uma intervenção mais ampla em defesa dos direitos dos trabalhadores, da liberdade e da democracia e de afirmação da soberania.